"Conclave": é bom?

Baseado no romance de Robert Harris, o filme Conclave, dirigido de forma impressionante por Edward Berger, é uma obra brilhante que combina intriga política e dilemas morais com uma execução cinematográfica impecável. A trama acompanha o cardeal Thomas Lawrence, interpretado de forma magistral por Ralph Fiennes, que, como decano do Vaticano, tem a responsabilidade de liderar o conclave que elegerá o próximo papa.


O enredo começa com a morte do pontífice anterior, levando à convocação do conclave. Durante esse período, os cardeais ficam completamente isolados do mundo exterior, até que uma decisão seja tomada. O ritual é simbolizado pela emblemática fumaça branca que anuncia o novo papa, mas, antes disso, dias ou até semanas de debates acalorados podem ser marcados pela fumaça preta, indicando que o número necessário de votos ainda não foi atingido.

O filme nos apresenta quatro candidatos ao papado, cada um representando diferentes correntes ideológicas dentro da Igreja: o progressista Cardeal Bellini (Stanley Tucci), o conservador Cardeal Tedesco (Sergio Castellitto), o moderado Cardeal Tremblay (John Lithgow) e, finalmente, o também conservador, mas, por ser africano, tem essa característica abafada o Cardeal Adeyemi (Lucian Msamati) A disputa entre eles é narrada como uma verdadeira "guerra dos tronos", carregada de intrigas e reviravoltas. Além disso, personagens como a Irmã Agnes (Isabella Rossellini), coordenadora das freiras do Vaticano, e o misterioso Cardeal Benítez (Carlos Diehz), da arquidiocese de Cabul, adicionam camadas de mistério e complexidade à história.

O roteiro de Conclave não se limita a explorar a eleição papal, mas também revela os bastidores de uma política interna repleta de jogos de poder, rivalidades e segredos. Berger habilmente nos conduz por um cenário em que até os homens considerados mais santos não estão imunes aos pecados e falhas humanas.

Um dos grandes trunfos do filme é seu design de produção, que recria com precisão e riqueza de detalhes os rituais da Igreja Católica e os ambientes do Vaticano. De acordo com à diretora de arte Suzie Davies, em entrevista ao site MotionPictures em 2024, "há um lado oculto do conclave que ninguém realmente conhece". Para trazer essa visão à vida, Berger usou licença artística para imaginar o que acontece longe dos olhos do público, sem comprometer a verossimilhança.

A performance de Ralph Fiennes é um dos pilares da obra, sendo amplamente reconhecida pela crítica e coroada com uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. O elenco de apoio também brilha, com Isabella Rossellini se destacando como a Irmã Agnes, uma figura que equilibra autoridade e sensibilidade. Ao todo, Conclave recebeu oito indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Edição, Design de Produção, Figurino e Melhor Música Original.

Conclave é mais do que um filme sobre uma eleição religiosa; é uma reflexão profunda sobre poder, fé e os limites da moralidade. Com uma direção primorosa, atuações de tirar o fôlego e uma história que prende do início ao fim, a obra se estabelece como um dos grandes destaques do ano e uma experiência cinematográfica imperdível.

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